Dentre as manifestações
artístico-culturais de Santa Catarina, as artes plásticas, desde Victor
Meirelles, foram sempre um dos setores mais relevantes. Sendo uma das maiores
economias nacionais, nosso estado deveria e poderia! dar à questão cultural a importância
que merece.
A inexistência de uma secretaria de cultura já demonstra bem o
descaso com que o assunto é tratado na esfera oficial. Acoplada a outras
pastas, entregue sempre a pessoas sem a mínima condição técnica de desempenhar
suas funções, a cultura é sempre colocada como algo secundário e sem importância
vital.
As famigeradas alianças políticas, que servem de sustentação ao governo,
leiloam a pasta que engloba a cultura entre si e tratam-na com a ineficácia de
quem nada entende do assunto. Conseqüência é o descompasso cultural de Santa Catarina
em relação aos estados vizinhos.
Cais de Florianópolis de Martinho de Haro |
Vejamos, por exemplo, o setor das artes
visuais: Recentemente, constatei que dois jovens artistas, formados pelo curso
de artes visuais da Udesc, ignoravam totalmente o nome do artista Martinho de
Haro.
Segundo eles, nunca tinham ouvido falar sobre o mesmo, muito menos sobre
a sua obra. Culpa da Udesc? Dos professores, que tão entretidos em falar das
teorias de Deleuze, Foucault, Derrida e outros filósofos franceses, não encontram
tempo nem motivação para ao menos citar aos alunos que tivemos dentre os
artistas que nos precederam o maior representante do modernismo em Santa
Catarina? Na verdade, são diversos fatores que se somam para explicar essa
verdadeira idiotia demonstrada por esses dois jovens.
Um deles é a inexistência
de museus que dêem visibilidade a
produção cultural catarinense atual e de outros períodos históricos. Onde é que
nossos jovens podem ter contato com a obra de Martinho de Haro, Vicchietti,
Meyer Filho, Elke Hering e tantos outros, que dedicaram as suas existências a
construir um rico acervo que reflete os valores de uma sociedade que insiste
em ignorá-los? Pela falta de uma política de valorização de nossa identidade
permanecemos como eterno ‘buraco negro’ no mapa cultural do país. Os esforços
para mudar este status-quo de marasmo
e inércia, são todos abortados pela falta de visão e perspectiva dos responsáveis
pelo poder. Onde foi parar, por exemplo, o Salão Nacional Victor Meirelles e o Circuito Itinerante de Mostras
da Visualidade Catarinense?
Obra de Ivens Machado |
Voltamos à estaca zero. Outro exemplo: Ivens
Machado, nascido em Florianópolis e falecido recentemente, era considerado ao
lado de Victor Meirelles e Schwanke, como um dos três artistas catarinenses
mais importantes de todos os tempos.
Essa
análise da Fundação Bienal de São Paulo, por certo nunca foi considerada por
nossos secretários de “cultura”, que, certamente, nem sabem de quem se trata.
Ivens, alguns anos atrás, teve uma grande mostra retrospectiva, percorrendo os
principais centros culturais do país. Atualmente, o Museu de Arte Moderna do
Rio de Janeiro realiza também uma grande mostra retrospectiva sua, homenageando
a memória desse artista tão vital para arte contemporânea brasileira, cuja obra
não foi jamais mostrada em sua terra natal pela alegação dos mesmos motivos de
sempre: “- Não tem verba!”- Mas para outras coisas bastante questionáveis,
nunca falta dinheiro.
Os Linguarudos - Obra de Schwanke |
Poderíamos elencar centenas de outros fatos que atestam
claramente o menosprezo que existe por aqui com nossa memória cultural: Malinverni
Filho, por exemplo, teve seu centenário solenemente ignorado. Que custava ao Masc
ter trazido até a capital a obra desse grande intérprete de nossa paisagem serrana
e editado um livro/catálogo a altura de seu trabalho? São os bens simbólicos, patrimônio
imaterial, que nutrem a alma e dão sentido ao futuro. Quando é que Santa Catarina
vai despertar de seu sono letárgico, sacudir esse marasmo e dar a cultura e a
arte de seu povo o tratamento e a importância que merecem?
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realidade cultural, que infelizmente não tem espaço, nem a mínima consideração pelos responsáveis públicos! ignoram e nada fazem,
ResponderExcluircargos políticos de quem não deveria ali estar
realidade cultural, que infelizmente não tem espaço, nem a mínima consideração pelos responsáveis públicos! ignoram e nada fazem,
ResponderExcluircargos políticos de quem não deveria ali estar
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ResponderExcluirhttps://drive.google.com/file/d/0B2JC7j86C4VmUUJ1c1pjVGhrd2s/view
ResponderExcluirLink - Ensaio sobre Martinho de Haro e Malinverni Filho elaborado em estudo de Teoria e H. da Arte em 2014. Parceria Masc-Udesc