domingo, 21 de maio de 2017

Descontraída e contagiante 'joie de vivre' de HUGO RUBILAR







Hugo Rubilar, artista chileno  que morou por vários anos em Paris, radicou-se há várias décadas em Florianópolis, cidade que escolheu para montar seu atelier.
 Seu temperamento extrovertido e sua personalidade  original  fazem com que sua presença performática  destaque-se nos eventos dos quais participa. Sua arte comprova o acerto da máxima de Millôr Fernandes que afirmava “o estilo é o homem”.
 Suas pinturas,  goste-se ou não, são um fiel reflexo de sua autêntica, leve e divertida maneira de ser.            
Sociável    e festeiro, é presença assídua nos principais eventos socioculturais  locais, sendo uma figura muito querida no meio artístico da capital catarinense.

 Sua enorme produção,  de caráter predominantemente gráfico, consiste basicamente  em pinturas  estruturadas a  partir de planos de cores delimitados por linhas. São essas linhas que funcionam como as principais geradoras das imagens, e como organizadoras e definidoras do próprio espaço pictórico. Seu estilo tem suas matrizes no movimento da Pop-Art dos anos sessenta, revisitados e adaptados as suas próprias necessidades expressivas.
 No tratamento divertido e bem humorado  das imagens que utiliza, nos harmônicos planos de cores chapadas, na inserção de textos e  nos detalhes,  verificam-se similaridades com as soluções gráficas das histórias em quadrinhos (HQ), dos desenhos de animação e do design publicitário.


Essa nova figuração Neo-pop,  que ao contrário da tradição das escolas modernistas, que desenhavam  a partir da observação do modelo, utiliza imagens de terceira geração retiradas da mídia, reflete sob medida  a maneira de ser do autor em cujas obras percebe-se também a descontração jovial dos grafites e o humor dos cartuns.
Apoiadas estruturalmente no traço, algumas de   suas obras, pelo predomínio  do desenho narrativo e pela importância secundária  atribuída a cor,  possuem  clima marcadamente  anedótico. Nelas, as linhas definidoras dos planos assumem o papel principal, e  passam a ter o caráter de uma escrita orgânica, que se faz no encontro das superfícies e corpos.
 Com um traço muito peculiar, seu desenho que flui de forma aparentemente espontânea, é ao mesmo tempo  simples,  elaborado e sofisticado.
 Tendo como tema objetos e cenas do cotidiano, cria imagens divertidas e descoladas,   não abrindo mão nem mesmo de alguns ícones neo-hippies como mandalas de elefantinhos, peixes,  flores, etc.
 São muito interessantes e divertidas suas pinturas de mesas postas com seus pratos e talheres vistos de um plano aéreo. O vasto repertório das imagens que utiliza inclui desde bicicletas, motos, animais domésticos, casais de namorados, plantas exóticas como os cactos do deserto de Atacama até  as prosaicas sandálias de dedo ou os utensílios de cozinha que, reinterpretados por sua  ótica particular, adquirem  toda uma nova aura e poética visual.
 



Em suas obras mais representativas, composições equilibradas, soluções gráficas,  elegantes e bem articuladas espacialmente,  criam ritmos dinâmicos enriquecidos pelos contrastes de planos de cores  sensuais e vibrantes.
 O tratamento das superfícies, como acontece nos  affiches, recorre a cores chapadas que assumem totalmente a bidimensionalidade do  suporte, sem preocupações com profundidade e volume. Nos esquemas cromáticos, predominam por vezes soluções monocromáticas, ou valores da escala  média de tons com suas nuances suaves de cor  e tonalidades pastéis.
  outras obras mais ousadas, exploram os aspectos ornamentais e sensoriais das  cores de cromas saturados, criando grandes planos de superfícies visualmente impactantes recobertas de vermelhos, azuis ou amarelos luminosos.
 Por vezes, restringe-se basicamente ao preto e branco com pequenas notas de cor, acentuando e exacerbando o grafismo e a síntese formal. 
 Em pinturas de sua produção mais recente,  Hugo adota um tratamento diferenciado mais gestual  e solto, deixando fluir as pinceladas e libertando a cor das amarras do  desenho. 



Não dá ainda para afirmar se seria o início de uma nova fase do artista, ou se trata apenas de simples experimentações. O certo  é que revelam domínio do métier e abrem amplas possibilidades de renovação, caso o artista decida trilhar caminhos diversos daqueles que caracterizaram suas fases anteriores, mais voltadas para linguagens próxima a ilustração.
 Lirismo, irreverência, descontração e humor, são elementos sempre presentes nas criativas obras  de  Hugo Rubilar, cuja fluidez de formas e linhas articuladas no espaço com requintado sentido gráfico e ornamental, expressam com propriedade a singular personalidade artística do autor, propondo-nos  compartilhar sua feérica alegria de viver.



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