quarta-feira, 15 de março de 2017

MASC - A Casa da Mãe Joana!

Parte de Obra de Roberta Tassinari, danificado durante mostra no Museu de Arte de Santa Catarina
      
     Mais de dois mil e quinhentos acesos  ao texto em que questionamos a falta de um curador, e de um conselho consultivo para o MASC, são uma clara demonstração de que a comunidade catarinense não está indiferente ao destino de seu mais significativo museu de arte.
    Quando poderia parecer que  a questão se resumia ao fato de não existir nem curador, diretor de arte,  nem muito menos conselho consultivo, uma simples  visita noturna ao museu,  enquanto aguardávamos o início de um espetáculo, deixou-nos mais pasmos ainda! Bem na parede de entrada do MASC, como se obra de arte fosse, fotos de movimentos sociais expostas da maneira mais primária.  Ali estavam, candidamente, como se estivéssemos “adentrando” num salão paroquial ou num centro comunitário de subúrbio.                                                                                Quem autorizou? Quem teve a brilhante ideia? Não se sabe, pois não havia nenhuma explicação para tão grotesco episódio!
    Definitivamente, o MASC deixou de ser um museu de arte respeitável,  e nessa administração virou a ‘casa da mãe joana’. Vamos torcer para que  a nova superintendência da FCC, corrija urgentemente esse desvio de rumo.  Façamos votos para que todos esses episódios deploráveis sirvam de lição para não se lotear mais o MASC e nossos demais museus entre os 'PRs' da vida. 
     O MASC  pertence de direito   aos artistas catarinenses e ao público que os prestigia. Menosprezar a inteligência e a capacidade crítica  desse  público é temerário e leviano.  Ninguém é tão ingênuo e tolo que não perceba o desmonte da cultura catarinense que está sendo feito aos poucos por um governo que, em termos de cultura, só tem os olhos para as feiras agropecuárias. 
     A deliberada   vontade de desprestigiar nossas instituições culturais mais representativas,  transparece nitidamente  através da falta de recursos destinados a instituições importante e vitais como o MASC, e da falta de consideração e dignidade para com a sua história.
    Ludibriado em seus direitos de cidadania,  o público tem toda razão de se manifestar e o faz sempre que tem oportunidade. ESSA É A EXPLICAÇÃO PARA O AMPLO APOIO DOS MILHARES DE INTERNAUTAS QUE VISITARAM NOSSO BLOG. 
    Seria bom se esse assunto incômodo pudesse ser encerrado, mas infelizmente tem outras questões cruciais referentes ao mesmo tema da falta de direção do MASC, e de suas nefastas consequências para a arte e a cultura catarinenses.
    Recentemente, episódios ocorridos  em mostras  que foram selecionadas através do edital, demonstram mesmo que o descaso é total. O primeiro diz respeito a individual do artista criciumense  Janor  Vasconcelos. Janor, aprovado no edital do museu, produziu toda sua individual a partir de um projeto que levou em conta a planta baixa do MASC, enviada aos concorrentes. Sua proposta foi toda pensada em função das características arquitetônicas do MASC, o autor investiu uma quantia considerável na produção de seu especifc-site.  Ao chegar em Florianópolis, já com a exposição  pronta para ser montada, foi avisado que a planta  baixa do museu  havia sido alterada para sediar  a mostra de Juan Miró,  e que resolveram deixar as alterações assim mesmo ignorando solene e  desrespeitosamente  o fato de que a planta original, enviada aos que concorreram ao edital, era outra. 
    O prejuízo do autor foi enorme em todos os termos, desde o tempo e os recursos que   teve que gastar para a execução do projeto, até o  comprometimento do resultado final de sua individual, que teria sido bem outro, se o MASC no mínimo tivesse cumprido com a sua parte.  Janor nos contou que além do enorme prejuízo que teve pelo fato de não ter sido avisado da alteração da planta, ainda foi obrigado a comprar até a tinta necessária para pintar uma parede onde seriam colocados seus desenhos. 
Outra das obras de Tassinari danificadas
     Outra ocorrência gravíssima, que demonstra muito bem como nossa cultura e nossos artistas são tratados por  esses gestores ‘improvisados’, foi a recente exposição de Roberta Tassinari. Uma das mais importantes e talentosas artistas da nova geração, cuja obra começa a despertar o interesse da crítica nacional, teve sete de suas  obras expostas no MASC danificadas por falta de zelo do próprio museu. Duas delas simplesmente caíram da parede e quebraram, sendo que uma delas emprestada por um colecionador foi derrubada por uma criança. A outra, caiu em consequência do desligamento do sistema de climatização do MASC, que foi interrompido durante o recesso do mesmo. Até o momento, não houve nenhuma manifestação por parte da FCC, a qual o MASC se encontra atrelado, no sentido de reparar os danos ocorridos. 
    Por certo, esqueceram-se de ler o edital  das exposições, que afirma  com todas as letras, num de seus artigos, que “...cabe ao MASC a  responsabilidade pela segurança e integridade das obras expostas”. Esses casos que  não  são exceção, são paradigmáticos do que  infelizmente vem acontecendo  no setor cultural, sem que nada seja feito para reverter essa  situação  de desestímulo e retrocesso. É inaceitável que esse descaso e  menosprezo prossigam! Essa situação deve ser por todos repudiada! 


Obra de Roberta Tassinari

Um comentário:

  1. Enquanto isso, a feira de arte do Fifo ocupando um casarão no centro e o Salão Victor Meirelles "clandestino" viraram cases de sucesso no universo artístico da cidade. Poderiam servir de espelho aos gestores do Masc e burocratas da cultura., que tambem poderiam aprender um pouco mais com outras inicativas mais longevas como o Mundo Ovo da Eli e a Casa Açoriano do Janga, além da casa de Nereu Ramos comandada pelo Badesc.

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