Nossos três textos sobre a atual situação crítica do Museu de
Arte de Santa Catarina, tiveram mais de doze
mil visualizações, dezenas de compartilhamentos e vários comentários de apoio. Isto, por si
só, demonstra claramente que ao contrário
do que pensam nossos políticos, a
cultura é sim uma preocupação dos catarinenses mais informados.
Nossos políticos, com raríssimas exceções, não possuem hábitos culturais, é praticamente
impossível vê-los frequentando
museus de arte, teatros, galerias, concertos ou livrarias.
Como não costumam fazer isso, não
imaginam que outros o façam, daí
deitam e rolam encima das instituições culturais, que são vistas apenas sob o
aspecto de serem mais uma vaguinha para colocar seus apaniguados, que em geral
não possuem as mínimas condições técnicas para ocupá-las.
Acostumados a lidar com o poder
de forma imperial, pensam que ninguém
vai questioná-los por não haver interesse no assunto. Foi exatamente isso o que ocorreu com o MASC. Só que estavam completamente equivocados.
Senão vejamos: se em poucos dias, mais de doze mil visualizações ocorreram somente nestes
artigos que tratam da questão do descaso com MASC, imaginem o estrago em termos
políticos para quem foi o responsável pela situação. Os internautas que acessaram nossos textos, não só
visualizaram como também manifestaram apoio as denúncias neles contidas, inclusive acrescentando mais alguns fatos absurdos que
desconhecíamos. É fácil deduzir que
essas pessoas que leram o texto conversarão com outras, e o assunto fatalmente irá tomando um vulto cada vez maior.
A indignação é geral e irrestrita.
O que fizeram com o
MASC foi um deboche sim, e da
pior espécie. Basta lermos os jornais
locais. Por outro lado, para evitar
futuros desmandos, ficarão historicamente
registrados nossas denúncias e nossos protestos, nossos e desse imenso
público que compartilhou conosco a indignação. O MASC
pertence por direito aos artistas catarinenses e ao público que os
prestigia, esse espaço conquistado a duras penas pelo esforço abnegado e idealista de gerações e gerações de artistas e
intelectuais, não pode virar um feudo de políticos desinformados que colocam quem
eles bem entendem a frente de nossos
museus e instituições culturais.
Nossa luta não é por motivos pessoais, mas pela dignidade da cultura
catarinense. Tem gente que tem medo de
se pronunciar, e até de compartilhar um texto, para não ser mal visto por quem está no poder.
Em termos de cidadania, essa posição é
deplorável, pois o poder emana do povo, e nosso
dever de cidadãos é não calar a respeito dos nossos direitos! Temos que exigir
competência, eficiência e lisura para
com a coisa pública. É preciso denunciar os políticos e os governantes que fazem mau uso do poder, extrapolando suas funções e utilizando-se das pastas que dirigem para
fins politiqueiros. Acham que não precisam
prestar
contas de seus atos a ninguém. Temos que gravar na memória o nome desses
que cometeram essas afrontas contra nossas instituições culturais, como se estas lhes pertencessem.
O MASC é nosso, não vamos ceder jamais, nem aceitar esses absurdos e essas
imposições que desvirtuam e tiram sua razão
de ser.
O Estado é uma pedra e só se move sob pressão. Mesmo que em relação a gestão do MASC ocorra a necessária mudança de rumo, que ao
que tudo indica, ocorrerá brevemente, é
necessário que a classe artística continue
pressionando, se posicionando em
favor do museu, preocupando-se com seu destino, e exigindo do poder público que se criem as
condições necessárias para que o MASC possa finalmente exercer suas funções não
só em termos da capital, mas que as
estenda as demais regiões do Estado. Só
assim, em termos de artes visuais, poderemos ter um desenvolvimento mais homogêneo
e consistente.
Para encerrar essa série de
artigos onde o tema central foi o MASC, vamos transcrever um texto de Harry Laus
publicado na edição do Diário Catarinense do dia dois de fevereiro de 1992, há
exatamente 25 anos atrás. Que ele sirva de reflexão para todos que amam o
MASC e reconhecem sua importância para a
cultura catarinense, e sobretudo para que se sintam estimulados a continuar
lutando para que o mesmo venha a ter por parte do governo do Estado de Santa
Catarina o apoio e o tratamento respeitoso que merece:
“Será necessário lembrar aos
artistas de Santa Catarina que o MASC guarda o maior e mais valioso acervo
artístico-histórico desse pedaço do Brasil? Será necessário lembrar às diversas
associações de artistas plásticos do Estado que esse patrimônio é parte efetiva
(e afetiva) de sua própria existência?”
Harry Laus
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