quinta-feira, 23 de março de 2017

O MASC PERTENCE AOS ARTISTAS CATARINENSES E AO PÚBLICO QUE OS PRESTIGIA

Crítico de arte do Correio da Manhã – RJ, Jornal do Brasil e da Revista Veja, Harry Laus, que assumiu a direção de nosso Museu de Arte, por indicação das Associações de Artistas Plásticos Catarinenses, transformou o MASC num dos mais importantes museus de arte do país.  Idealizador de projetos e grande incentivador das artes plásticas catarinenses, Harry fez com que durante a sua gestão, o MASC fosse o principal polo irradiador e ponto central da visualidade catarinense.

       Nossos três textos  sobre a atual situação crítica do Museu de Arte de Santa Catarina, tiveram mais de doze  mil visualizações, dezenas de compartilhamentos  e vários comentários de apoio. Isto, por si só, demonstra claramente que ao contrário do que pensam  nossos políticos, a cultura é sim uma preocupação dos catarinenses mais informados.
       Nossos  políticos, com raríssimas exceções,  não possuem hábitos culturais, é praticamente impossível  vê-los  frequentando  museus de arte,  teatros, galerias, concertos ou livrarias. 
       Como não costumam fazer isso, não imaginam que outros o façam, daí    deitam  e rolam encima  das instituições  culturais, que são vistas apenas sob o aspecto de serem mais uma vaguinha para colocar seus apaniguados, que em geral não possuem as mínimas condições técnicas para ocupá-las.
       Acostumados a lidar com o poder de forma imperial,  pensam que ninguém vai questioná-los por não haver interesse no assunto.  Foi exatamente isso o que ocorreu com o MASC.  Só que estavam completamente equivocados. Senão vejamos: se em poucos dias, mais de doze  mil visualizações ocorreram somente nestes artigos que tratam da questão do descaso com MASC, imaginem o estrago  em termos  políticos para quem foi o responsável pela situação. Os internautas  que acessaram nossos textos, não só visualizaram como também manifestaram  apoio as denúncias  neles contidas, inclusive acrescentando   mais alguns fatos absurdos que desconhecíamos. É  fácil deduzir que essas pessoas que leram o texto conversarão  com  outras, e o assunto  fatalmente irá tomando um vulto cada vez maior. A indignação é geral e irrestrita.                                              
        O que fizeram  com o  MASC  foi um deboche sim, e da pior espécie.  Basta lermos os jornais locais.  Por outro lado, para evitar futuros desmandos,  ficarão historicamente registrados nossas denúncias e nossos protestos,  nossos e desse  imenso  público que compartilhou conosco a indignação.  O MASC   pertence por direito aos artistas catarinenses e ao público que os prestigia, esse espaço conquistado a duras penas pelo esforço abnegado e  idealista de gerações e gerações de artistas e intelectuais, não pode virar um feudo de políticos desinformados que colocam quem eles bem entendem  a frente de nossos museus e instituições culturais.
       Nossa luta  não é por motivos  pessoais, mas pela dignidade da cultura catarinense. Tem gente que tem  medo de se pronunciar,  e até  de compartilhar um texto,  para não ser mal visto por quem está no poder. Em termos de cidadania, essa posição é deplorável, pois o poder  emana do povo, e  nosso dever de cidadãos é não calar a respeito dos nossos direitos! Temos que exigir competência,  eficiência e lisura para com a coisa pública. É preciso denunciar os políticos  e os governantes  que fazem mau uso do poder,  extrapolando suas funções  e utilizando-se das pastas que dirigem para fins politiqueiros.  Acham que não precisam  prestar  contas de seus atos a ninguém. Temos que gravar na memória o nome desses que cometeram essas afrontas contra nossas instituições culturais,  como se estas lhes pertencessem. 
             
         O MASC é nosso,  não vamos ceder  jamais, nem aceitar esses absurdos e essas imposições  que desvirtuam e tiram sua razão de ser.  

        O Estado  é uma pedra e só se move sob pressão.  Mesmo que  em relação a gestão do MASC   ocorra a necessária mudança de rumo, que ao que tudo indica, ocorrerá brevemente,  é necessário que a classe artística continue  pressionando, se posicionando  em favor do museu, preocupando-se com seu destino,  e exigindo do poder público que se criem as condições necessárias para que o MASC possa finalmente exercer suas funções não só em termos da capital,    mas que as estenda as demais   regiões do Estado. Só assim, em termos de artes visuais, poderemos ter um desenvolvimento mais homogêneo e consistente.
        Para encerrar essa série de artigos onde o tema central foi o MASC,  vamos transcrever um texto de Harry Laus publicado na edição do Diário Catarinense do dia dois de fevereiro de 1992, há exatamente 25 anos atrás. Que ele sirva de reflexão para todos que amam o MASC  e reconhecem sua importância para a cultura catarinense, e sobretudo para que se sintam estimulados a continuar lutando para que o mesmo venha a ter por parte do governo do Estado de Santa Catarina o apoio e o tratamento  respeitoso que merece:  


“Será necessário lembrar aos artistas de Santa Catarina que o MASC guarda o maior e mais valioso acervo artístico-histórico desse pedaço do Brasil? Será necessário lembrar às diversas associações de artistas plásticos do Estado que esse patrimônio é parte efetiva (e afetiva) de sua própria existência?”

Harry Laus


Parte da equipe do MASC, na qual Harry tanto acreditava e que o ajudaram a fazer nosso museu de arte viver o seu período de ouro. Na foto, em primeiro plano, Nancy Bortolin, que organizou o ‘Indicador da Arte Catarinense’ e  ‘Masc – Biografia de um Museu’, duas publicações referenciais para o estudo de nossa arte.



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